Romboencefalite e Mielite Pós-Infeciosa: Descrição de um Caso Clínico
DOI:
https://doi.org/10.60591/crspmi.9Palavras-chave:
Campylobacter jejuni, Encefalite Viral, Fraqueza muscular, Mielite, RombencéfaloResumo
A mielite e a romboencefalite são provocadas pela inflamação da medula espinal e do rombencéfalo, respetivamente. Com uma clínica diversa, a anamnese, o exame objetivo, a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR) e o exame de neuroimagem auxiliam na sua identificação.
Expomos o caso de um homem de 47 anos, com antecedentes de hiperuricemia e dislipidemia, admitido no serviço de urgência por diminuição da força muscular com 3 dias de evolução. Referia episódio de diarreia aquosa e febre, cerca de 7 dias antes. Ao exame neurológico, apresentava: discurso pobre e lentificado; movimentos oculares com decomposição do movimento, nistagmus unidirecional para a esquerda; diplopia evocada nos movimentos de verticalidade superior e horizontais para a direita; diparésia facial; tetraparésia (membro superior direito grau 4, esquerdo grau 3; membros inferiores grau 2); arreflexia no membro inferior direito; hipoestesia em luva e retenção urinária. Na avaliação analítica apresentava leucocitose e aumento da proteína c-reativa. Não apresentava alterações na tomografia computorizada crânio-encefálica.
Foi realizada punção lombar com saída de LCR límpido, pressão normal com leucócitos de predomínio mononucleares e proteinorráquia. Iniciou dupla antibioterapia e antivírico. Na ressonância magnética apresentava alterações compatíveis com envolvimento encefálico e medular de natureza inflamatória ou metabólica. Pelo que, iniciou corticoterapia em dose elevada, seguida de plasmaférese com melhoria dos défices. O painel serológico no sangue revelou anticorpos IgM anti-Campylobacter jejuni.
A mielite e romboencefalite para-infeciosa secundária a infeção por Campylobacter jejuni são raras e a fisiopatologia ainda não está totalmente esclarecida. A sua identificação e tratamento precoce são fundamentais para o prognóstico.
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